Criando filhos no temor de Deus

Era uma vez um rei que teve muitos filhos. Ele gostava do segundo filho, e nunca o contrariou. Tudo o que o menino quis, desde cedo, o rei lhe deu. E o que aconteceu? Quando esse menino cresceu, descobriu que seu irmão seria o rei. Como nunca havia sido contrariado, armou uma rebelião para tomar o trono do pai e o lugar do irmão. Mas tudo acabou numa tragédia para a família, com a morte violenta desse rapaz.

Esta é a história de Adonias, filho de Davi (1Rs 1.1-53). Ela ilustra como crianças precisam de limites para que sejam adultos socialmente saudáveis. Paulo fala dessa necessidade, demonstrando a responsabilidade dos pais na educação dos filhos: E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor (Ef 6.4). O pressuposto é o mesmo de toda a passagem: a vida cheia do Espírito Santo. Ou seja, pais devem educar seus filhos através de um pleno relacionamento com Deus, por meio de Cristo e da cruz, em santificação com o auxílio do Espírito Santo (Ef 5.18). E muitos pais têm falhado nesse ponto. Por falta de um relacionamento verdadeiro e profundo com Deus não conseguem educar com a sabedoria necessária.

Paulo procura corrigir dois extremos com duas orientações aos pais, corrigindo o exercício errôneo de autoridade e corrigindo pais que deixam seus filhos sem correção. Primeiro, os pais não devem provocar os filhos à ira. Devem exercer sua autoridade, educando e corrigindo o filho sem abusos e exageros, com amor e moderação, para que sigam alegremente suas orientações. Não devem provocar ressentimentos pelo emprego errado da sua autoridade. Segundo, devem criá-los em disciplina. Crianças têm em seus corações desde o seu nascimento a semente do pecado. Não gostam de dividir, são orgulhosas, fazem pirraça sem que ninguém as ensine. A disciplina é necessária para educá-las no que é bom e puro. E disciplinar não é descarregar ira ou frustração na criança, mas corrigi-la graciosamente no tempo oportuno para treiná-la no que é bom. Qualquer correção fora desse propósito não é disciplina.

Assim, a autoridade dos pais deve ser exercida, disciplinando os filhos sem abusos e sem omissões. Mas como encontrar esta moderação? Só há uma resposta possível: uma vida cheia do Espírito Santo. Se você quer educar seus filhos pela vontade de Deus o que você mais precisa é da graça do próprio Deus. Como disse Paul Tripp:

Comecei a entender que, se tudo que meus filhos precisavam era de um conjunto de regras e um pai para servir de juiz, júri e executor, não havia necessidade da vinda de Jesus. Ficou claro para mim que as mudanças fundamentais tão necessárias, nos níveis mais profundos dos pensamentos e desejos dos meus filhos, que levassem a mudanças permanentes de comportamento, só ocorreriam se fossem por meio da poderosa, misericordiosa e transformadora graça de Jesus Cristo. (…) Eu entendi que para ser um canal de graça, eu mesmo precisava desesperadamente da graça.

Fonte: Homens Piedosos

 

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