O cordão de três dobras

“… o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade” (Ec 4.12).

Salomão está concluindo sua argumentação sobre a importância da relação conjugal como uma sociedade de apoio e proteção mútua, chegando, agora, ao apogeu de seu pensamento, ao dizer: “o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade”. Não basta ao casal cuidar, proteger e encorajar um ao outro. O casamento não é apenas um relacionamento entre um homem e uma mulher. Essa relação precisa envolver uma terceira pessoa. Aquele que instituiu o casamento e o abençoa precisa ser o fundamento dessa relação. Daí Salomão falar no cordão de três dobras. Quais são essas dobras que formam o cordão que não se rebenta com facilidade?

Em primeiro lugar, o marido é a primeira dobra do cordão. O homem deve assumir o seu papel de deixar pai e mãe para unir-se à sua mulher. Seu amor por ela deve ser perseverante, abnegado, santificador e romântico. Deve dispor-se amá-la a ponto de dar sua vida por ela. Deve tratá-la com honra, considerando-a o vaso mais frágil. O marido deve viver a vida comum do lar, cuidando de sua mulher física, emocional e espiritualmente. O marido deve liderar sua mulher, santificando-a pela palavra, servindo-lhe de exemplo. O marido deve servir a esposa em vez de servir-se dela. Deve protegê-la em vez de fazer dela o seu escudo. Deve ser o sacerdote do seu lar, em vez de delegar a ela  liderança espiritual da família. O marido deve amar sua mulher como Cristo amou a igreja e entregou-se por ela. O marido representa a primeira dobra desse cordão resistente.

Em segundo lugar, a esposa é a segunda dobra do cordão. A mulher deve assumir o papel de amar seu marido e sujeitar-se a ele, no Senhor. Longe de desafiar sua liderança, deve apoiar seu marido como cabeça do lar. Com sabedoria deve edificar sua casa, fazendo bem a seu marido, todos os dias de sua vida. Deve ser amiga, conselheira e intercessora, apoiando seu marido na condução espiritual de seu lar. Como a igreja está sujeita a Cristo, assim a mulher deve sujeitar-se a seu marido. Agindo assim, ela anima seu marido, fortalece seu casamento e abençoa sua família. Está acima de qualquer dúvida que o homem e a mulher têm o mesmo valor aos olhos de Deus. Foram criados com o mesmo valor e são resgatados da mesma maneira. Porém, no casamento eles têm papéis diferentes. O homem não pode tratar a esposa com dureza nem a esposa resistir a liderança de seu marido. O homem não pode ser rude no trato nem a mulher ranzinza nas atitudes. Ambos precisam cuidar um do outro,  uma vez que são parceiros e não competidores.

Em terceiro lugar, Deus é a terceira dobra do cordão. Deus não apenas instituiu o casamento, mas é o alicerce da família. Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam. Quando marido e mulher estribam sua relação apenas sobre seus sentimentos, constroem sua casa sobre a areia. Essa relação não suporta as tempestades da vida. O casamento precisa ser como uma casa construída sobre a rocha. Essa casa pode ser açoitada pela chuva torrencial que cai no telhado, pode ser atingida pela fúria dos ventos que batem nas paredes e pode ser atacada pela violência dos rios que açoitam o alicerce, mas essa casa ainda ficará de pé. Esse é o casamento edificado sobre o próprio Deus. Sem essa terceira dobra do cordão, ele se romperá com as tensões da vida. Sem a presença de Deus no casamento, marido e mulher não conseguem suportar as crises que desabam sobre a família. A maior necessidade, portanto, dos casais não é de uma casa maior nem de mais conforto, mas da presença, da direção e da proteção de Deus. É o cordão de três dobras que não se rebenta com facilidade.

Rev. Hernandes Dias Lopes

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