Você tem fome de quê?

Dentre os prazeres da vida, comer, sem dúvida, é um dos principais. Posto que é uma necessidade, realiza com eficácia o dito popular que diz que o bom mesmo é quando conseguimos unir o útil ao agradável. Infelizmente e tragicamente milhões ainda não usufruem este prazer e, consequentemente, não têm satisfeita sua necessidade básica de alimento, pois fome é o que enfrentam diariamente, enquanto, por outro lado, o desperdício de comida no mundo resolveria o drama destas milhões de famílias.

A fome não precisa de professor. Não é necessário explicar o que ela é e como dói. O faminto sabe, vive e sente no estômago, aprende sozinho. Até mesmo aqueles que nunca viveram uma mínima crise de alimento, conseguem imaginar, pois qualquer refeição rotineira que atrase um pouco mais, já é o suficiente para receber a voz de protesto: “Ai que fome! Não estou aguentando!”

Caso não haja solução ou socorro, a fome mata. Talvez aqui, com o dado objetivo e frio da consequência final provocada pela fome – a morte –  consigamos compreender o estado atual do nosso mundo. Você tem fome de quê? Perguntou o poeta. De amor, de afeto, de carinho? De trabalho, de oportunidade, de serviço? De harmonia, de paz, de calma? De equilíbrio, de decência, de justiça? Do que você tem fome, afinal? Lembre-se, a fome não saciada, mata.

Simone Weil tem um pensamento que nos auxilia: “A alma só tem certeza de que tem fome. Uma criança não para de chorar se lhe dissermos que talvez não exista pão. Ela continua chorando do mesmo jeito.” Toda alma sabe que está com fome, sabe do que tem fome, sabe o que saciaria sua fome. E enquanto o alimento certo não for ministrado o choro não cessará, e isso até que morram todas as forças que alguém é capaz de reunir para chorar.

Gosto da comparação da fome da alma com o choro da criança faminta. Para uma criança não existem explicações racionais que a faça parar de chorar, ela nem entende os porquês apresentados. Possivelmente a criança nem saiba qual alimento seja melhor, mais saudável, recomendável e seguro. O que ela quer é comida, senão chorará até perder as forças.

Olhe ao seu redor, verdadeiras multidões estão chorando, sabem que tem fome, sabem identificar a fome, mas não conseguem identificar o alimento correto para a fome que têm. Querem alegria, liberdade, prazer, conforto, status, posição, bens, poder, paixão. E vão atrás das promessas materialistas para matar uma fome que só aumenta, afinal, entretenimentos, sexos, viagens, carros, roupas, dinheiro, apenas iludem e preenchem momentos, mas não fazem nem cosquinha na fome absurda que massacra a alma.

Ainda que não saiba, a fome escancarada na alma humana clama por Deus. Como procura saciar sua fome com coisas, filosofias e técnicas, mais fome tem. O resultado pode ser visto em escala global, gente estressada, desesperada, impaciente, irritada, depressiva, adoecida, terminal. Aumentam então crimes inexplicáveis, suicídios, abandonos, rejeições. Tudo por conta desta solução proposta pelo mundo, que apenas fabrica sorrisos fugazes há décadas com “sexo, drogas, rock’n roll” e afins, mas via de regra só faz aumentar a fome, as lágrimas e a morte de todos os sonhos que um dia se sonhou.

Se já tentou de tudo, se já foi em várias fontes a procura de matar sua fome, se já está em vias de desistir, aceite um conselho: experimente Deus. Sei que o conceito é vago e impossível de entedermos, por isso mesmo Ele se encarnou, para sentir nossas dores, viver nossas misérias e suportar a nossa morte, a fim de que pudéssemos viver a Sua vida.

Diante de um mundo tão cético e descrente, com fomes gritantes no Oriente e no Ocidente, onde cada um foge da sua particular fome migrando para aquilo que julga ser a solução, só não migra para Deus. Diante deste quadro recheado de almas que têm certeza que têm fome mas não sabem resolver seu dilema, finalizo com a surpreendente declaração de um autor ateu, Jean-Paul Sartre: “Que não existe Deus, eu não posso negar, que todo o meu ser clama por Deus, eu não posso esquecer.” O convite ainda continua, para todo aquele que receber o Filho, o Pai garante em Apocalipse 7:16, “Nunca mais terão fome…”, item prometido para a Nova Terra, o lar eterno que ainda está com portas abertas para toda classe social, nação, povo e língua.

Paz!

Por: Pr. Edmilson Mendes

Fonte: Sou da Promessa

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