A Intimidade Me Revela

Intimidade é uma virtude que poucos querem no atual mundo marcado pela superficialidade, cujas relações sociais são tão descartáveis quanto copinhos plásticos de café. Num século em que as relações mais intensas transitam pelo mundo virtual, poucos querem de fato experimentar quaisquer tipos de convivência permeada por intimidade. Tal dificuldade se dá em razão dos efeitos que esse tipo de relação provoca.

Relações íntimas são avassaladoras, pois revelam quem realmente sou, revelam os sonhos que dirigem minhas ações, revelam meus defeitos mais secretos, meus vícios disfarçados sob o manto de virtudes, revelam minhas deficiências, minha humanidade; enfim, relações íntimas revelam as fraquezas mais imperceptíveis. É impossível esconder algo de alguém, quando se é íntimo desse alguém. Não há como “parecer ser” diante de quem de fato nos conhece. Com gente íntima simplesmente somos. E pronto.

As Escrituras revelam que Deus é a favor da intimidade. Segundo a Bíblia, “a intimidade do Senhor é para os que o temem aos quais ele dará a conhecer a sua aliança” (Salmo 25.14). Diz mais; diz ainda que “o Senhor abomina o perverso, mas aos retos trata com intimidade” (Provérbios 3.22). Deus trata com intimidade os retos, os que anseiam por uma vida íntegra. Ele se dá a conhecer àqueles que se permitem serem seus íntimos amigos. Com estes o Senhor faz um acordo, a estes Ele “dá a conhecer a sua aliança”.

 A intimidade e a maturidade

A maturidade cristã passa pela intimidade. À medida que cresço na vida cristã eu me torno íntimo do Senhor. Logo, intimidade é um indicativo de maturidade espiritual. É curioso que a vida cristã começa com grande intimidade com Deus, mas essa intimidade pode se perder pelo caminho.

A conversão, por meio da entrega de toda sua existência a Jesus é algo que só ocorre com intimidade. Só quem teve uma experiência real de conversão sabe quão intenso é aquele momento. Eu me lembro da intensidade do encontro daquela mulher aos pés de Jesus. Fico imaginando ela entrando na casa, já com a voz embargada, no limite do choro. Ali ela estava conhecendo o seu salvador, a cada palavra ouvida, a cada promessa proclamada, a cada parábola de esperança anunciada. Pouco tempo depois e a vemos aos pés de Jesus num choro grande, daqueles de fazer soluçar ao final. Chorava tanto, que tentava enxugar os pés do Senhor com seus próprios cabelos (Lucas 7.38). Intimidade faz isso. Faz a gente se derramar e não conseguir prender o choro diante de quem se ama.

A igreja precisa de gente assim, íntima de Deus. Precisa de gente que não se contenta com o comum, com a linha mediana, com o óbvio. A igreja precisa de vidas que se gastem com Deus, por compreender que viver assim é o que há de melhor.

A decisão pela intimidade

Em todos os encontros com Jesus podemos perceber uma mudança profunda na vida daqueles que não tiveram receio de se entregar de corpo e alma numa relação de intimidade. Da mulher samaritana, nos Evangelhos, passando por Paulo, até chegar a João, escrevendo o Apocalipse na ilha de Patmos, todos foram transformados numa relação de intimidade com o seu Redentor. Por isso, intimidade é o elemento espiritual fundamental que todo cristão deve buscar, pois trata de um relacionamento profundo com Deus.

Cabe a mim decidir viver como a maioria, ou como aqueles que um dia entenderam que esse modo de vida é a chave para uma vida abundante. Estes que decidiram viver intimamente com o Senhor, certamente também dizem: “Prefiro estar à porta do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade, pois um dia nos teus átrios vale mais que mil” (Salmo 84.10).

Fonte: Instituto Jetro

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