Como reconhecer Jesus?

As vitrines dos shoppings estão mais criativas e belas a cada ano. Brilham, encantam, seduzem. Sem que eu precise, pareço necessitar os produtos que vejo. Todos se oferecendo para fazer parte da minha vida com promessas de mais beleza, mais conforto, mais modernidade, mais prazer. Lógico, desde que eu pague o valor corajosamente exposto na vitrine. Sim, corajosamente! Porque determinados preços eu não teria coragem de expor.

Junto as vitrines, em corredores ou numa praça de alimentação, decorações belíssimas tentam me comunicar bondade, fraternidade, alegria, esperança, paz. Fora presépios, que são óbvios para a data, me deparo com ursos fofos, cachorrinhos, papai-noel, ajudantes do bom velhinho, guirlandas, velas, luzes, brilhos. Dependendo do bom gosto e criatividade nas decorações, o queixo cai, a admiração se rende, clics são disparados e os sorrisos parecem aceitar tudo, num misto de ah, ah, ah e ho, ho, ho.

Procuro Jesus. Não encontro. Quero reconhecê-lo em tudo isso. Quero vê-lo nas ruas e avenidas decoradas, nos enfeites, nos jogos de luzes. Até me esforço, mas não o reconheço. As belezas decorativas são inquestionáveis, são belas mesmo. Têm seu charme. Têm sua eficácia para atrair e provocar uma sensação boa, de alegria, de arte, até de limpeza e organização. Mas Jesus, não consigo reconhecer.

Estaria Ele nos estoques das lojas? Não, lá estão os produtos das vitrines, só esperando por ávidos compradores. Nos estacionamentos lotados talvez? Também não, lá estão carros de gente estressada em sua maioria, pessoas que estão lutando para honrar as parcelas do financiamento, carros vazios dos seus donos e muitas vezes sem espaço para Jesus. Quem sabe nos restaurantes dos shoppings? Nada. Apenas brindes e comidas que em nada lembram aquela primeira ocasião do pão e do vinho, lembra?

Numa época na qual dEle se fala, mas tanto se cala, como reconhecer Jesus? Saí do shopping e fui para uma biblioteca. Dentre os livros contidos nesta biblioteca encontrei um que é conhecido pelo nome de Evangelho de Lucas. Logo no capítulo 2 e verso 12 encontrei finalmente a resposta para minha pergunta: “Como vocês vão reconhecê-lo? Vocês encontrarão uma criancinha enrolada num cobertor, deitada numa manjedoura.” (Bíblia Viva).

O Rei. O Salvador. O Messias. O Senhor. Com estes qualificativos, se dependesse de mim eu procuraria alguém assim no luxo e nas luzes, jamais na pobreza e escuridão da noite. Jesus veio num lugar improvável, de forma improvável, numa hora improvável. Para nós. Pois para as profecias de Deus, tudo provável, perfeito e possível. Se quero reconhecer Jesus devo procurar por uma criancinha enrolada num cobertor qualquer, deitada numa manjedoura no interior de um estábulo. Trocando em miúdos, são nas simplicidades acessíveis a qualquer ser humano que Jesus pode ser reconhecido.

Empolgado voltei ao shopping decidido a não me impressionar com os luminosos cenários. Então, reconheci Jesus. Nas intenções de muitos corações que estão atrás apenas de uma lembrança para alegrar o coração de quem se ama. Nas crianças que enxergam tudo com a pureza que a fase adulta faz perder, seja num shopping ou num carrinho de plástico no modesto quintal da casa. Nos avós felizes por estarem passeando com filhos, netos e bisnetos em plena velhice, presente maior para eles. Nos sorrisos e abraços de amigos que se reencontraram sem planejamento, apenas estão ali pelos motivos da data comum…

“Todo artista tem de ir aonde o povo está.” E parte do povo está nos shoppings. Um povo que o menino da manjedoura também veio salvar. Reduzir tudo a “capitalismo, consumismo e mundanismo” é um discurso fácil e que nenhuma novidade construtiva acrescenta. Somos chamados a dialogar com nossa cultura e geração. Sim, reconheço Jesus através da sua Graça comum e irresistível que também é derramada nos shoppings e, algumas vezes, fico grato a Deus por outros reconhecerem nos meus contextos um pouco de Jesus em minha vida. Minha boa e simples vida.

Paz!

Por: Pr. Edmilson Mendes

Fonte: Sou da Promessa

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