Como será o amanhã?

A cigana leu, ou tentou, o destino de muita gente. Mas, como se sabe, tem muito mais erros que acertos nessas leituras. Somos curiosos e ansiosos por natureza. Queremos saber o que vai acontecer, como os fatos se desenrolarão. Muitos de nós, se possível fosse, gostaríamos de poder entrar num De Lorean e ir de volta para o futuro. O amanhã, porém, como bem definido pela sabedoria popular, a Deus pertence.

Em lugar de se preocupar com o trampo, vejo muito mais pessoas preocupadas com o Trump. Não bastassem as nossas dificuldades diárias ainda somos sufocados pelos eventos externos. Dá para entender, afinal a grande mídia na sua esmagadora maioria decidiu detonar o cara. Ele pode ter um ar bonachão, fanfarrão, canastrão ou o que se queira julgar dos seus desempenhos públicos, mas daí a negativar todas as ações futuras é um julgamento antecipado.

Para piorar, a fim de destruir um, a mesma mídia exalta o outro, no caso, o que saiu, Obama. E se você gastar um pouco de tempo aliado a boa vontade desarmada de preconceitos, verá que Obama fez muitas coisas que possivelmente não concorde. Mas o negócio é detonar o Trump. Na eleição a mídia já tentou manipular as informações no sentido de cravar a vitória para sua adversária. Não conseguiu. E não conseguiu porque muitos estavam cansados das políticas do governo anterior, simples assim.

Mas como será o amanhã? Difícil saber quando no presente tanta injustiça acontece, tanto esquema, corrupção, violência, ódio, terrorismo e exploração se multiplicam sem qualquer controle. O mundo está por um fio. Para onde você olhar verá que as coisas não vão bem. E não vão bem há muito tempo, por conta de muitos abusos e desmandos em escala global por parte de muitos governos, por conta de religiosos cada vez mais amantes de si mesmos, por conta da decadência depravada nas artes e na cultura, ou seja, colocar o caos na conta de quem chegou ontem é, no mínimo, muita esperteza.

A resposta sobre o amanhã ninguém tem, pelo menos a nível terreno não. Renato Russo popularizou a expressão “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”. Belo e verdadeiro. Até porque pessoalmente não sabemos qual nosso último dia, qual o horário do nosso último suspiro. Amanhã, no aspecto individual, pode ser que não exista, pois quem pode garantir que estará vivo? Por isso Tiago em sua carta aconselha a sempre afirmarmos com prudência que “amanhã, se Deus quiser, faremos isto ou aquilo.”

Vamos mudar sutilmente a proposta da música, mesmo havendo amanhã, mesmo com a certeza de que haverá amanhã, devemos amar as pessoas hoje, agora, já. Na perspectiva do evangelho, todas as pessoas, amigas ou inimigas.

E como amar em tempos de tanto desamor? Penso que esta seja uma das últimas provas que Deus deixou para os últimos tempos. A ponto de Jesus, no seu sermão profético em Mateus 24, perguntar se por ocasião da sua volta no fim da história, encontraria amor no mundo. Em outras palavras, enquanto aqui na terra e na pele de um homem, Jesus também perguntou: Como será o amanhã? Pelas palavras dEle mesmo, sabemos que sua expectativa era a de que seus seguidores conseguissem entender e praticar pelo menos seu mandamento cardeal: amar ao próximo, amar a si mesmo, amar o amigo, amar o inimigo.

O resultado está estampado nas manchetes diárias, está nas ruas, nos lares, nos bordéis, nos presídios, nas corporações, nas igrejas. O que se vê em todos os espaços são disputas, concorrências, embates, confrontos, desafios, competições, cobiças, friezas, mecanicismos, automatismos. Menos amor. Amor na sua pureza e nobreza se tornou item de luxo, caro e em extinção. O amor que se propaga é tudo, menos amor.

É urgente voltarmos ao amor sólido de I Coríntios 13, aquele que tudo sofre, tudo suporta, tudo crê, tudo espera sem buscar seus próprios interesses. O mapa para se chegar bem no amanhã foi escrito e deixado pelo Pai, o homem, infelizmente, fabricou seus próprios mapas e está perdido nos caminhos que escolheu.

Não sei como será o amanhã. Mas sei de uma coisa que aprendi nas palavras do próprio Cristo. Na Sua vinda Ele irá procurar o amor que ensinou. Sendo assim, não seria esta a hora para perdoarmos mais, abraçarmos mais, tolerarmos mais, compreendermos mais, compartilharmos mais? Não seria esta a hora de nos desarmarmos  de nossos orgulhos e presunções para ouvirmos mais e oferecermos mais paciência?

Enfim, não seria esta a hora de amarmos mais, ainda que de forma imperfeita e incompleta, porém dentro dos limites do nosso melhor? Afinal, como será o amanhã? Será, nas palavras de Paulo, o alvorecer da eternidade onde permanecerão a fé, a esperança e o amor. Dos três, no entanto, o apóstolo afirma categoricamente que o maior é o amor.

Paz!

Por: Pr. Edmilson Mendes

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