Consumismo infantil, cuide disso!

Podemos afirmar, com pouca chance de errar, que o consumismo se tornou uma das características mais marcantes da sociedade moderna. Ele afeta pessoas de todas as idades, classes sociais e religiões, causando impacto não só na forma como as pessoas vivem e se relacionam como também na saúde e nas emoções delas.

As crianças, por estarem em processo de desenvolvimento, terem pouco discernimento e viverem superconectadas, são as maiores vítimas da indústria do consumo.  Por isso quando se trata de consumismo infantil, geralmente a maior responsabilidade é atribuída à influência do mundo digital e da propaganda. No entanto, não podemos ignorar que o consumismo é um hábito, e portanto recebe grande influência de nosso primeiro ambiente de aprendizagem, a família. A forma como reagimos e somos afetados por influências externas passa inevitavelmente pelo filtro de nossos valores, por aquilo que aprendemos e acreditamos.  Por isso, não basta eleger um vilão, é preciso intervir na base do consumismo infantil.

As pessoas consomem porque precisam e também porque gostam. Até aí, tudo certo! O problema é que consumir também é poder: poder de ser incluído em determinado grupo, poder de influenciar, poder de ter mais do que os outros, poder de disfarçar seus problemas, poder de dizer “eu posso”. A forma como os pais lidam com este poder tem grande impacto nos hábitos de consumo de seus filhos.

Se a criança cresce num ambiente onde os pais ostentam suas conquistas materiais nas redes sociais e escolhem seus amigos com base no padrão de vida deles, aprende a supervalorizar as coisas materiais. Da mesma forma, quando fazem da ida ao shopping o programa mais comum da família estão levando-as a associar a felicidade ao consumo. Há também pais que em vez de dedicar tempo com atividades que envolvam criatividade e interação, prefere deixar  seus filhos à mercê de brinquedos tecnológicos, sendo bombardeados por propagandas, merchandising e vendedores disfarçados de youtubers mirins. Por outro lado, muitas vezes alimentam o consumismo nos filhos, quando os presenteiam a toda hora, para compensar seus próprios desejos frustrados de consumo, ou ainda gastam mais do que podem com eles, sob o pretexto de não vê-los excluídos de um grupo.

Realmente é difícil resistir aos apelos consumistas dos filhos, mas muitos pais acabam se tornando reféns e também autores do problema. Embora cheios de boas intenções, cometem erros que trazem consequências para toda a vida de seus filhos, que não aprendem a esperar e ouvir “não”, lidar com a frustração e as cobranças sociais, habilidades necessárias para o desenvolvimento de uma pessoa saudável e apta para lidar com as demandas da vida. Além disso os tornam mais vulneráveis a distúrbios emocionais como crises de ansiedade e depressão.

É claro que fiscalizar, orientar e reduzir o tempo das crianças diante das telas é bom e necessário. Porém, se não queremos criar filhos consumistas, que baseiam suas relações em trocas materiais, precisamos ensinar e demonstrar com nosso exemplo que, embora ter coisas e usufruir delas seja uma dádiva, a felicidade reside no contentamento com as pequenas coisas do dia a dia.

Fonte: Ministério de Mulheres

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