Distância Zero: Perdoar Com Sinceridade

Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição. (Colossenses 3.13-14)

Como reagimos diante da ofensa, insulto, ou ataque, mesmo vindo, às vezes, de pessoas tão boas? Ficamos magoados, amargurados, ressentidos? Ressentir é sentir novamente toda a dor e desconforto da ofensa. Isto adoece o ofendido e o deixa preso em grilhões juntamente com o ofensor. Como disse alguém: “guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra”. A solução está na pequena, porém desafiadora palavra: perdão. De forma simples e prática, o apóstolo Paulo mostra três soluções efetivas de perdão. É uma luta de, no máximo, três rounds, na qual toda condição de vencer foi provisionada por Deus.

1. A solução mais efetiva ao problema é conseguirmos blindar nossa alma contra ofensas. Através da exortação suportai-vos uns aos outros, Paulo invoca uma comunidade que não se sente ofendida facilmente. Não ignora que existam atritos na caminhada, mas todos podem tolerar e aturar com paciência e resignação um ao outro. É certo que existe um limiar diferente entre as pessoas e em diferentes áreas da vida quanto à capacidade de suportar ofensas.

Alguns são mais melindrosos que outros, ficando facilmente amuados, desgostosos e aborrecidos diante da injúria ou afronta. É desejável aumentarmos o limiar do sentimento de ofensa. Isto exige crescimento na maturidade espiritual. Observe Jesus diante do conhecimento prévio de que Pedro o negaria, falou e orou pelo discípulo (Lc 22.31-34), ao invés de ficar magoado e resmungando pelos cantos. Sua capacidade de suportar era tão grande que, na cruz, diante de tantos ofensores, orou: Pai perdoa-lhes porque não sabem o que fazem (Lc 23.34). Definitivamente sua alma estava blindada para ofensas. A grande vantagem deste round é que nos poupa de enfermidades decorrentes do ressentimento.

2. Entretanto, caso nossa alma tenha sido atingida pela ofensa, precisamos tratar diretamente a ofensa. Através da orientação perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem, Paulo indica o caminho de colocarmos o ofendido diante do ofensor em busca da reconciliação. A queixa deve ser o ponto central da conversa, deixando de lado as pessoalidades. Isto exige grande paciência, sabedoria e determinação. Neste ponto, Jesus ensinou dizendo: Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe (Lc 17.3-4).

A iniciativa pode partir do ofensor pedindo perdão, ou do ofendido liberando perdão. Quando houver negação da ofensa, o ofendido pode buscar ajuda de uma terceira pessoa para mediar, como Jesus também ensinou: Se teu irmão pecar contra ti, vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano (Mateus 18.15-17). A grande vantagem deste round é que o ofensor tem a oportunidade de transformação.

3. Se não blindamos a alma, ou se ainda não obtivemos sucesso na abordagem da ofensa, resta-nos simplesmente perdoar o ofensor. Através do princípio assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição, Paulo lembra o fato de que fomos perdoados. Alguém falou que errar é humano e perdoar é divino. De fato, o perdão não faz parte da natureza humana. Mas, em Cristo, o perdão entre as pessoas tornou-se possível, porque está lastreado no amor. Porque fomos perdoados absolutamente de tudo, nada tornou-se imperdoável nos relacionamentos humanos. Só perdoa quem tem consciência que foi perdoado, ao mesmo tempo que só é perdoado quem perdoa.

Por isso Jesus ensinou a orar dizendo: perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores (Mt 6.12). Na parábola que Jesus conta do servo perdoado que não perdoou, ele assevera o mandamento do perdão dizendo: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti? (Mt 18.32). A grande vantagem deste round é tomarmos novamente consciência do quanto fomos perdoados por Cristo.

O perdão nos faz enxergar o ofensor com os olhos de Cristo, libertando-nos no presente, esclarecendo o passado e protegendo-nos no futuro. A graça que nos perdoou é a mesma graça que opera em nós a capacidade de liberar perdão. Vamos, pois, buscar em Jesus a sabedoria e coragem para perdoar com sinceridade aqueles que nos têm ofendido e alcançarmos distância zero uns dos outros.

Fonte: Instituto Jetro

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