Filhos órfãos de pais vivos

Ter filhos é tão bom, que a Bíblia se refere a eles como “herança do Senhor”. Os bebês são tão aguardados que já não basta fazer um chá-de-bebê, é preciso um “chá de revelação” para que todos compartilhem da alegria de descobrir o sexo da criança. Para alguns pais, não precisa esperar um ano; cada mês é motivo de aniversário.  Nas redes sociais então, o que não falta é o registro dos momentos e peripécias dos pequenos.

Os filhos nunca tiveram tanta visibilidade, mas também nunca estiveram tão abandonados. Vivemos tempos de filhos órfãos de pais vivos! Há pais fisicamente próximos, mas emocionalmente distantes de seus filhos. A justificativa, quase sempre, é a falta de tempo. É preciso trabalhar para satisfazer as necessidades e os desejos deles. Muitos pais pensam que podem trocar sua presença por presentes, carinho por conforto, diálogo por telas “touchscreen”, criando filhos solitários dentro de suas próprias casas.

Para sentirem que pertencem à família, os filhos precisam ser notados e reconhecidos como pessoas de valor, o que depende em grande parte do relacionamento de seus pais. Quando eles se respeitam, conversam, demonstram amor um pelo outro e priorizam o relacionamento conjugal, geram filhos emocionalmente seguros e confiantes.  Por outro lado, pais que colocam os filhos no centro da família, tratando-os como “pequenos deuses”, além de se distanciarem um do outro, geram filhos superexigentes, imaturos, egoístas e com sentimento de desamparo.

Outra forma cruel de abandono é a falta de autoridade e disciplina dentro de casa. Hoje vemos pais que não sabem dizer não, que se mostram acuados diante dos filhos; homens que transferem para as mulheres a responsabilidade pela educação, gerando esposas sobrecarregadas e filhos desobedientes e sem direção. Nossa autoridade como pais vem de Deus e toda vez que negligenciamos isso, estamos nos rebelando contra Ele e criando filhos órfãos, despreparados para os desafios da vida.

Mas negligenciar a autoridade não é apenas ser permissivo; é também se omitir de sua responsabilidade como pai, permitindo que a escola, os amigos, os influenciadores digitais e mesmo parentes se tornem referência moral e espiritual na vida dos filhos.  Levá-los à Igreja não basta, se os princípios da Palavra não forem vividos dentro de casa.  Precisamos ensinar-lhes a Palavra, orar com eles, dar-lhes um fundamento sólido para que não sejam órfãos espirituais diante dos desafios da vida.

Isso também diz respeito a filhos criados por um só dos genitores, que pode ser solteiro, viúvo ou mesmo separado.  Neste último caso, infelizmente muitos pais ignoram o fato de que se o casamento não foi para toda vida, os filhos são. Distanciar-se deles pode causar feridas profundas e difíceis de curar.

Porém, mesmo num lar convencional não existe perfeição. Todos os pais falham. Em algum momento dão maus exemplos, são muito duros ou permissivos, irritam seus filhos. Ao contrário do que muitos pensam, reconhecer suas falhas não enfraquece a autoridade paterna mas constrói o respeito, conduz ao perdão e arranca as raízes de amargura e de ódio que podem estar separando os pais dos filhos.

O resgate da paternidade pode parecer difícil, mas é necessário e urgente! Enquanto corremos atrás de uma vida ideal, o nosso tempo com os filhos escapa pelos vãos dos dedos. Precisamos conversar com eles, observá-los, ouvi-los, conhecê-los pelo olhar, dar-lhes tempo em quantidade e qualidade e, sobretudo, entender que o que os faz se sentirem protegidos, amados e pertencentes a uma família não são coisas, são momentos… é o relacionamento que construímos com eles!

Fonte: Ministério de Mulheres

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