O que fazer se seu filho não te escuta?

Se cada tentativa de conversa com seu filho adolescente parece o prenúncio da III Guerra Mundial, keep calm! Você pode descobrir nas linhas abaixo as estratégias para evitar esta batalha. Se esta introdução está soando bélica demais, acredite! Muitos pais estão se sentindo à beira do precipício emocional com tamanho esforço para alcançar os filhos, e de igual modo estão muitos adolescentes: perdidos, às vezes agarrando-se a coisas ou pessoas que causam ainda mais problemas.

Você sabe que eu tenho feito palestras para adultos, bem como para adolescentes, e foi aí que passei a me interessar mais pelo tema. Por um ouvido eu captei os questionamentos juvenis e pelo outro entraram as indagações paternas. As informações processadas me fizeram entender a razão mais gritante deste conflito: a Comunicação, na sua deficiência ou ausência. Hoje quero falar com você, o adulto da relação, para te “dar colo” e também te “mandar a real”.

Não parece incrível que com tantas ferramentas de comunicação sejamos obrigados a fazer a releitura da nossa capacidade de dialogar? Não vejo a tecnologia como única culpada porque me parece que a temos usado erroneamente, apenas como amplificador da nossa capacidade de falar, o que na arte de paternar é secundário, porque a primeira estratégia para se comunicar com seu filho é ouvir.

Peter Ducker, considerado pai da administração moderna, fala que “o mais importante na comunicação é ouvir o que não está sendo dito”. Por favor, não se irrite! Não estou lhe sugerindo uma capacidade sobrenatural e nem é uma busca por culpados. Quero apenas te fazer voltar alguns anos, quando se tornou pai ou mãe de um ser indefeso, que não sabia falar, e aos poucos você aprendeu a identificar os “códigos” emitidos em forma de choro, expressões faciais, grunhidos… Você os interpretou muito bem, sabia? Seu filho não morreu de fome, frio…. Agora ele já é adolescente, mas ainda em fase de aprendizado na arte de expressar emoções.

Talvez você tenha perdido algumas “atualizações do software”, mas sempre é tempo de fazer o update. Uma estratégia imediata para melhorar a comunicação é a revisão de prioridades, onde o tempo não pode ser substituído por nenhum outro ingrediente. Sem periodicidade, qualidade e continuidade na dedicação de tempo a ele/ela, sua “capacidade de interpretação de sinais” fica obsoleta e o caos se instala.

Autoridade X Amizade

“Manda quem pode e obedece quem tem juízo”, é a estratégia dos que apostam na autoridade. “Nós temos uma relação de amizade”, orgulha-se a ala autoproclamada moderna. Interessante é que ambos perfis de famílias enfrentam problemas quando o objetivo é educação de adolescentes.

Alguns pais relatam sentirem o afastamento do filho como sintoma de que algo não vai bem no relacionamento. Porém, tenho notado que isto pode representar duas coisas: 1) Uma característica inerente à faixa etária, onde a experimentação individual faz parte do desenvolvimento pessoal no caminho para a vida adulta; 2) É um padrão de espaço entre vocês que já existia anteriormente, e que você só não notou porque na infância os fatores externos gritam menos. A palavra grita te lembra alguma coisa?

A solução para ambos os casos são a dosagem e forma de administração do “remédio”, que é a aproximação aos poucos, porém constante, e em uma apresentação “saborizada” (sabe aqueles xaropes com gosto de geleia de morango? É mais ou menos disso que estou falando). Você precisará de muito jeito. Não vale do dia para a noite chamar seu filho para uma conversa que mais parece um interrogatório. O remédio pode se tornar veneno.

Não há forma mais eficiente de comunicar com seu filho do que aquela que tem clareza, honestidade e ausência de acusação. O adolescente quer ser amado e respeitado, afinal ele já tem opiniões e não é apenas um receptor de informação nessa relação. Por isso, é tão importante que você o ouça. Lembra do software desatualizado há um tempão? Não há problema nenhum em você procurar ajuda para conseguir usar todas as ferramentas atualmente disponibilizadas, e reaprender a decodificar as emoções do seu filho, às vezes expressadas com isolamento, rebeldia ou brigas.

Quando se aceita que a comunicação é uma poderosa ferramenta para resolver conflitos, as opiniões divergentes podem se tornar complementares e deixarem de ser afronta ou rebeldia, mas uma forma mútua de desenvolvimento de adolescentes (lembrando que os filhos reproduzem o comportamento dos pais) e de pais (que sempre estão em busca de melhorar a cada dia, e serem bons exemplos).

Sem medo de soar clichê nós afirmamos que os filhos são nossos maiores bens. Eles são, acima de tudo, bênçãos para nossas vidas, para nos moldar e nos fazer entender o caráter de Deus, permitindo à nós a formação de alguém que logo mais será entregue para a sociedade e formará uma nova família. Se, para garantir o futuro profissional você se dedica aos estudos, por que não deveríamos nos esforçar mais para aprender a melhorar o relacionamento com nossos filhos? E não esqueça que para se comunicar bem não há sucesso sem empenho e investimento de tempo.

Fonte: Fabiana Bertotti

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