Seja O Amor De Deus

Uma janela no mundo de uma menina pequena abriu uma porta para um novo nível nos ministérios da criança para mim. Vou contar-lhes minha história.

-Você falou a respeito de Deus ser semelhante a um pai aqui na terra? – perguntou-me uma mulher bem vestida.

– Não, este não foi o nosso assunto – respondi, mantendo um olho sobre cerca de 100 crianças ativas em nossa reunião campal da classe dos primários. A Sra. Landon*, assistente social, havia provido três desses pequenos dínamos energéticos de uma família com a qual trabalhava.

– Então alguém aqui mencionou isso? – ela insistiu.

-Por que ela estava preocupada com algo tão insignificante? Pensei ao repassar os eventos dos últimos dias.

– Não que eu tenha conhecimento, mas pode ter acontecido. Mas qual é o motivo de sua pergunta? A resposta que ouvi golpeou fundo meu coração.

– Bem, na noite passada – ela começou – enquanto eu punha as crianças para dormir, a Haley me perguntou: “Se Deus é como meu pai, Ele ainda me ama quando está bêbado?”

Fiquei tão chocado que perdi o fôlego. A Haley, 9 anos, e seus irmãos haviam penetrado e conseguido um lugar especial em meu coração; não porque fossem excepcionalmente amáveis ou bem comportados – eram algumas das crianças que mais necessitavam de atenção no grupo. Mas comecei a sentir-me ligados a eles. Agora eu tinha uma pequena janela para conhecer a vida doméstica da Haley. Isso me pôs cara a cara com a realidade do sofrimento que ela e muitas outras crianças tinham de enfrentar.

 

Visão Do Outro Lado

 

Nunca tive problemas para compreender o amor de Deus. Cresci em um maravilhoso lar cristão. Nunca me preocupei se Deus era exatamente como meu pai (embora sei que Ele é melhor). Mas quando pensei na impressão da Haley a respeito de um pai, percebi que ela provavelmente nunca compreenderia o verdadeiro amor. Não importava o quanto falássemos a ela a respeito do amor de Deus, ela não entenderia até que lhe mostrássemos esse amor. Naquela semana tive a convicção de que a prioridade número um no trabalho com as crianças devia ser o “amor de Deus”.

 “Ser o amor de Deus” além do que você faz quando as crianças estão observando; é o que você é no íntimo quer ou não imagine que elas estão vendo. A única forma que eu conheço para “ser o amor de Deus” é Deus preenchê-lo tanto do Seu amor que você não mais o pode conter e ele começa a derramar ao seu redor.

Ao tentar ser o “amor de Deus” para a Haley, entendi que aos 9 anos ela não tinha possibilidades de viver o que aprendera em uma semana no acampamento quando voltasse para casa. Porém, minha esperança e oração foram para que algum dia, quando a Haley estivesse buscando e tentando fazer sentido em sua vida, ela se lembrasse da semana que passou no acampamento nas montanhas e dissesse: “Senti algo único e maravilhoso ali – senti-me verdadeiramente amada. Deve ser assim que se parece o amor de Deus. Talvez tenho de checar novamente”.

Oito anos depois, ainda estou trabalhando com crianças nos acampamentos e com outras crianças. Ao passo que tento apresentar um programa interessante e emocionante, ainda desejo profundamente ensinar às crianças sólidas verdades bíblicas, e descobri que – quer as crianças venham de lares como os da Haley ou como o meu – o que de mais importante e duradouro que posso fazer é ainda “ser o amor de Deus”.

Fonte: Revista Ideas

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