Uma Realidade Para Ser Vivida

O reino de Deus pode ser “visto”, na prática, por aqueles que fazem parte do mesmo. Não basta dizer com a “boca”, é preciso comprovar com a “vida”, que se é cidadão do reino. Para entendermos bem este conceito, vamos começar trazendo à memória o significado de Reino de Deus. Basicamente, à luz do Novo Testamento, o significado de reino é “governo”. Sendo assim, podemos dizer que o Reino é o domínio ou governo real de Deus. Este “governo”, que um dia “será revelado total e plenamente com a glória na nova terra, (…) já iniciou em Jesus e terá continuidade na comunidade de Jesus até os confins da terra”.

John Stott, famoso escritor cristão, diz que o reino é o “domínio gracioso de Deus através de Cristo e pelo Espírito na vida do seu povo, proporcionando-lhes uma livre salvação e exigindo uma obediência radical”. Neste mesmo sentido, Orlando Costas diz que o reino de Deus deve ser entendido como “… uma nova ordem de vida caracterizada pelo governo soberano de Deus na pessoa de seu Filho, Jesus Cristo”. Este governo é abrangente, atinge todas as áreas, dimensões, direções e facetas, não apenas na atividade humana, mas de todo o Universo. E, em se falando do ser humano…

“… A nova ordem de vida demanda uma mudança radical. Não pode haver reconciliação sem conversão, assim como não pode haver ressurreição sem cruz, muito menos vida sem as dores de parto. Daí Jesus veio anunciando não somente o Reino, mas chamando ao arrependimento e à fé (Mc 1.15). No nível pessoal, isso implica mudança de atitudes e valores, a apropriação de um novo relacionamento com Deus e com o próximo (…). O Reino demanda uma transferência do “si” para o “outro”, de uma consciência individualista e egocêntrica para outra que seja comunitária e fraternal”.

Entendeu o quanto é profundo? Pelas definições acima, deu para perceber que o Reino de Deus não é um território geográfico, mas principalmente uma “nova ordem de vida”. Quem “dá as cartas” nesta reordenação da vida, é Jesus. Ele é Rei, de direito, de todo universo, o que inclui toda raça humana: O Senhor estabeleceu seu trono nos céus, e como Rei domina sobre tudo o que existe (Sl 103:19). Contudo, em se falando dos seres humanos, é Rei, de fato, daqueles que o recebem e começam a viver governados por seus princípios, nesta “nova ordem de vida caracterizada pela libertação dos homens da escravidão e do cativeiro”.

Você deve se lembrar que, os seres humanos, gerados por Deus, no princípio, se rebelaram contra a autoridade do criador, e se degeneraram. Contudo, Deus não deixou de ser Rei. Ele tomou medidas para que as coisas voltassem a ser como eram antes. Uma destas providências foi enviar Jesus. Por causa da morte de Cristo, temos a chance de ser regenerados e voltar a ser orientados por Deus. Em Cristo a humanidade é restaurada. Quem está em Cristo é “nova criação” (2 Co 5:17), e pode ser cidadão do Reino de Deus. Ligar-se a ele, é ligar-se ao Reino. Jesus disse que deveríamos receber o reino como uma criança (Mc 10:15), isto é, nos entregar aqui e agora, em total confiança ao governo de Deus.

Fazemos isto, entregando a nossa vida ao senhorio de Cristo. Ele mesmo chama os que aceitaram a sua mensagem como aqueles que entraram, agora, apressadamente (este é o sentido de “se esforçam”) no reino (Lc 16:16). No Reino, a vida passa, de novo, como no princípio de tudo, a ser guiada e orientada por ele. Nesta “nova vida” começamos a viver para aquele que por nós morreu e ressuscitou (2 Co 5:15)! Todo seguidor de Jesus faz parte do reino: foi transportado do reino das trevas para o Reino do seu Filho amado (Cl 1:13). Esta nova maneira de viver é percebida por quem ainda não a vive, ou pelo menos deveria ser, segundo Jesus. As ações invisíveis e interiores de Deus em nosso ser precisam ser exteriorizadas, em atitudes práticas.

Por: Eleilton William de Souza Freitas

Fonte: FATAP

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