A Parábola Do Fermento – Um Reino Contagiante

Em Mateus 13 encontramos sete parábolas dedicadas ao assunto do reino de Deus. A parábola do semeador, do joio, do grão de mostarda, do fermento, do tesouro escondido, da pérola e da rede. Jesus estava ensinado a multidão e também aos discípulos valores, princípios e, especialmente, a abrangência do reino de Deus. Em Lucas 17.20-21 os fariseus interrogaram Jesus sobre quando viria o reino de Deus e Jesus lhes disse que o reino de Deus está dentro de vós. Vamos aprender mais sobre o reino de Deus com a simplicidade de Jesus, usando um elemento muito comum para as pessoas, o fermento:

1.As características do reino de Deus

Para falar sobre as características do reino de Deus Jesus usa o método de comparação. Por isso ele usa a expressão “é semelhante…”. São figuras que nos ajudam a compreender algo abstrato para nós que somos limitados.

Por que o fermento? Descoberto pelos egípcios tem o poder de transformar seu ambiente, de literalmente contagiar tudo o que toca. Há dois tipos: o biológico (fungos) e o químico (bicarbonato de sódio que reage a altas temperaturas). Através de sua ação e reação gera gás carbônico que irá fazer com que a massa onde ele está sofra crescimento e fique mais leve e macia e com sabor especial.

Jesus usa essa mesma figura de forma negativa, prevenindo os discípulos quanto ao fermento dos fariseus e saduceus (Mateus 16.6 e Lucas 12.1) que era a hipocrisia e a perversidade deles; estava alertando sobre seu poder de contágio.

Vários comentaristas concordam que essa parábola faz uma dupla com a parábola do grão de mostarda. Assim como o pequeno grão gera grande árvore, pequena quantidade de fermento influencia em grande quantidade de massa. Os pequenos começos do reino são importantes e relevantes em nossa vida. Na Bíblia de Jerusalém encontramos o seguinte comentário: “Como o grão de mostarda e o fermento, o reino tem começo modesto, mas grande e repentino desenvolvimento”. Precisamos tornar o mundo em que estamos mais leve e macio e com sabor especial.

2.A atitude diante do reino de Deus

Sabemos que o reino de Deus é como fermento, tem o poder de influenciar ou contagiar o ambiente. Diante disso precisamos ver qual a atitude certa a ser tomada. Jesus diz que a mulher pega o fermento e esconde na farinha. Nada pior que fazer um bolo e ao final perceber que não colocamos o fermento, fica tudo embatumado (socado, denso, embolado).

O fermento só faz sentido de existir se tiver em contato com a massa; é semelhante a outras figuras como o sal da terra e a luz do mundo do sermão do monte (Mateus 5). Gosto da expressão que Jesus usa “escondeu em três medidas de farinha”. Ainda que em número menor, ainda que pareça que vamos sumir no meio da multidão, é lá que devemos estar.

3.A abrangência do reino de Deus

A mulher escondeu o fermente em três medidas de farinha. Isso é muita farinha. Cada medida é estimada em cerca de 13 quilos, ou seja, temos aqui quase 40 quilos de massa. Mais uma vez vemos o contraste entre o pouco fermento e a muita farinha, entre poucos que participam do reino e um mundo todo mergulhado no antirreino.

Mas o fato é que precisamos entender que o reino de Deus uma vez agindo dentro de nós deve influenciar bem mais que a nossa própria vida, deve ser agente de mudança do ambiente em que estamos, da cultura, da educação, da política, do governo, da sociedade. “A comunidade dos cristãos parece desaparecer no meio dos homens. Num segundo momento, porém, ela exerce ação transformadora no seio da sociedade”. O fermento não se intimida com o tamanho da massa.

4.O tempo do reino de Deus

Você há de concordar comigo que somos uma sociedade imediatista, queremos tudo para ontem. Mas a ação do fermento é lenta e quase imperceptível. É necessário esperar um tempo para o fermento reagir e fazer a massa crescer. Minha mãe e esposa usam a expressão “fazer a massa descansar”. Precisamos aprender com Jesus, como cristãos precisamos fazer a massa descansar e esperarmos até que o reino de Deus se manifeste e tenha ação completa na vida das pessoas (filhos, marido, esposa, parentes, sociedade). O tempo do reino não é o nosso, mas sua ação é eficaz e garantida.

Conclusão

Me deu vontade de comer um bom pão caseiro ou um bolinho de chuva. Mas quero concluir destacando a última expressão da parábola: “até tudo ficar levedado”. Jesus não se contenta com nada menos que tudo. Tudo em nossa vida deve ser dominado pelo seu reino e devemos influenciar tudo que está à nossa volta. O profeta Isaías disse: … a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Isaías 11.9). Somente com essa perspectiva podemos orar “Venha o teu reino”. O foco deve estar no crescimento da massa.

Fonte: Instituto Jetro

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