Milhares se reúnem em Johannesburgo para adeus a Mandela

Parte do estádio já está lotada e as pessoas cantam e dançam em homenagem ao ex-presidente. O discurso de Barack Obama é o mais aguardado do evento

Dezenas de milhares de pessoas e mais de 90 chefes de Estado estão reunidos nesta terça-feira no FNB Stadium (antigo Soccer City), em Johannesburgo, para a cerimônia de adeus a Nelson Mandela, morto na última quinta-feira, aos 95 anos. O evento começou às 11 horas locais (7 horas em Brasília), mas o público continua a chegar ao local. O dia de homenagens ao líder da luta anti-apartheid será marcado por discursos dos chefes de Estado presentes ao evento. Falarão o presidente americano Barack Obama e a presidente Dilma Rousseff, entre outros. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon também vai discursar, assim como familiares e amigos de Mandela. Por ser um orador hábil e ter uma biografia com pontos em comum com Mandela – ambos são os dois primeiros presidentes negros de seus respectivos países, por exemplo – Obama deve fazer o discurso mais aguardado. Em diversas oportunidades, Obama já ressaltou que o ex-presidente sul-africano foi uma referência e inspiração durante sua carreira política.

O evento desta terça marca o início das homenagens ao líder sul-africano, que só serão encerradas com o enterro de Mandela, marcado para o próximo domingo, na aldeia de Qunu. A forte chuva que cai na capital da África do Sul não espantou os admiradores de Mandela, que cantam e dançam no estádio. Apesar do forte esquema de segurança montado pelas autoridades, a chegada dos sul-africanos ao local está sendo ordeira. Muitos dos presentes carregam bandeiras da África do Sul e imagens de “Madiba”. As ruas e avenidas ao redor do estádio foram fechadas para o trânsito e o governo designou trens e ônibus especiais para transportar as pessoas até o local.

Obama e a primeira-dama Michelle – ao lado do ex-presidente americano George W. Bush e de sua mulher, Laura – chegaram nesta terça-feira de manhã à África do Sul a bordo do Air Force One. Eles pousaram em uma base militar perto de Johannesburgo, após uma viagem de 16 horas a partir de Washington. Os ex-presidentes Bill Clinton e Jimmy Carter foram para a África do Sul em outros voos. George Bush pai não vai participar porque está com 89 anos e não é mais capaz de viajar longas distâncias, disse seu porta-voz Jim McGrath. Também viajaram com Obama a conselheira de segurança nacional Susan Rice, procurador-geral Eric Holder, e a ex-secretária de Estado Hillary Clinton.

Apesar de o evento ter começado apenas às 11h locais (7h de Brasília), as portas do estádio se abriram às 6h30 locais (2h30 de Brasília), e um grupo de cidadãos já fazia fila uma hora e meia antes da abertura, desafiando à chuva e cantando ‘Bula, bula, bula!’ (abre, abre, abre! – em um dialeto africano). “Não há melhor maneira de homenagear o Tata [‘pai’, um dos nomes como os sul-africanos chamam Mandela]. Ele foi um grande homem”, disse a sul-africana Emely Mirake, de Pretória.

A parte superior de um dos lados do estádio, com capacidade para 90.000 espectadores, já está completamente lotada de pessoas que dançam ao som da música gospel de um coral presente no gramado. Os presentes levam bandeiras da África do Sul e imagens com o rosto de Madiba, como Mandela é carinhosamente chamado em seu país. Muitos estão com camisas com o rosto de Mandela e vestidos africanos com as cores e o anagrama do Congresso Nacional Africano (CNA), que foi liderado pelo ex-presidente, e até uniformes militares de Umkhonto we Sizwe, o braço armado da organização contra o arpatheid fundada por Mandela.

As avenidas próximas do estádio foram fechadas para o trânsito, e todos os que quiserem se aproximar do Soccer City deverão fazê-lo através do transporte público, designado especialmente para a ocasião. A organização dispôs também ônibus especiais para a legião de jornalistas estrangeiros credenciados para o evento. A imprensa local prevê que a homenagem no Soccer City seja o maior evento deste tipo da história. Além de encontrar-se no antigo gueto negro de Soweto, onde Mandela viveu durante anos, o estádio foi cenário, em 1990, de um dos primeiros discursos pronunciados por Mandela após sua saída da prisão. O estádio, com mais de 90 mil lugares, foi palco da final da Copa do Mundo de futebol da África do Sul, disputada no dia 11 de julho de 2010 e na qual a Espanha derrotou a Holanda por 1 a 0 e se sagrou campeã do mundo.

Fonte: Veja 

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