Mover de Deus através do discipulado

“Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mateus 4.19).

Entre tantas frases marcantes ditas por Jesus, esta representa sua clara intenção quanto ao discipulado. Caminhando na praia, viu os irmãos Pedro e André pescando. Eram líderes em potencial e logo tratou de convocá-los para verem de perto o mover de Deus numa missão ainda maior: Pescar pessoas. Ao lermos as constantes repetições “percorria Jesus as cidades”, “vendo Jesus as multidões” e “em verdade vos digo” percebemos que Jesus olhava atentamente para a realidade das pessoas, preocupado em ensinar e desafiar alguém para ser um agente de transformação daquele cenário. Foi assim com Pedro e André. Jesus estava disposto a ensiná-los, a fazer deles seus discípulos. Eles largaram tudo imediatamente e o seguiram.

O ir após Jesus significa segui-lo de perto. Discipulado é a disciplina de andar perto com o intuito de aprender. É levar no corpo a poeira das sandálias do mestre e este é um convite à morte. Bonhoeffer diz que “Quando Cristo chama um homem, ele o convida a vir e morrer” e John Stott concorda que “assim como na salvação, o mesmo princípio de vida por meio da morte opera no discipulado”. Enquanto uns vendem mapas e promessas, somos convidados a conduzir pessoas pelas sendas da vida, com o intuito de multiplicar os discípulos de Cristo. Em quatro passos, vamos aprender com Jesus este processo:

1) Fazer discípulos: Vinde após mim, e eu vos farei (Mateus 4.19). Esse mesmo convite foi feito para os demais. Jesus sabia o que queria e não estava disposto a perder tempo. Ele desceu dos céus para mostrar, de forma prática, o propósito da existência dos filhos de Deus. Jesus chamou os “seus” doze discípulos (Mateus 10.1) e eles transtornaram o mundo. Ele, de fato, fez discípulos e somos frutos da eficácia de seu discipulado. Se Jesus fez, por que não faríamos?

2) Ensinar a fazer discípulos: A estes doze enviou Jesus, dando-lhes as seguintes instruções (Mateus 10.5). Ao fazer discípulos, Jesus já estava ensinando, de forma prática, o que deveria ser feito. No entanto, nem sempre o discípulo percebe isso. É possível que esteja apenas absorvendo o que seu mestre está lhe oferecendo. Mas Jesus, intencionalmente, ensina o que é necessário fazer: Não tomem rumo aos gentios, curem enfermos, ressuscitem os mortos, expulsem demônios. Mateus 10 é um manual de discipulado onde Jesus dá instruções claras e estimula a fazer outros discípulos: basta ao discípulo ser como o seu mestre (Mateus 10.25).

3) Fazer com que façam discípulos: Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos (Mateus 10.16). Como bom discipulador, Jesus ensina, mas quer garantir que os discípulos estejam realmente aprendendo. Então os envia para praticar a tarefa. Em Lucas 10.1-3 Jesus designa setenta homens para irem de dois em dois, advertindo-os de que a seara é grande e que os trabalhadores precisam ser multiplicados. Jesus está fazendo-os fazerem discípulos e diz: Ide! Eis que eu vos envio. Este “ide”, do grego hypago, quer dizer partam, vão embora, saiam daqui e anunciem que o reino de Deus está próximo. Vão e exercitem o que aprendemos até aqui.

4) Fazer com que ensinem a fazer discípulos: Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações(…) ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado (Mateus 28.19-20). Este “ide” é diferente do anterior, vem do grego poreuo e é uma transferência de autoridade. Nesse trecho Jesus já havia morrido e ressuscitado e está finalizando o discipulado: “Agora é com vocês! Eu lhes dou a minha capa, transfiro a vocês toda autoridade. Garantam que seus discípulos farão discípulos, ensine-os a guardar estes ensinamentos, façam com eles o mesmo que eu fiz com vocês”.

Ser e fazer discípulos de Cristo, essa é a nossa missão e a maior recompensa do discipulador é a promessa eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século (Mateus 28.20). Vinde, vos farei. Ide, fazei. Enquanto isso, Deus se move em nós e através de nós. Que grande privilégio!

Fonte: Instituto Jetro

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