MP abre inquérito para apurar denúncias em AME de Araçatuba

Médicos estariam recebendo por consultas que não foram realizadas.

 O Ministério Público instaurou um inquérito civil para apurar denúncias de irregularidades na administração do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Araçatuba (SP). Segundo as investigações, médicos e outros profissionais da saúde estariam recebendo por consultas e exames que não foram realizados. O Tem Notícias teve acesso aos documentos que mostram essas diferenças.

O Ambulatório Médico de Especialidades atende por ano, mais de 250 mil pessoas. Pacientes de Araçatuba e outras 24 cidades da região noroeste paulista, que passam por consultas e exames para o diagnóstico de doenças.

O prédio foi inaugurado em 2010 pelo Governador Geraldo Alckmin e pertence à rede estadual de saúde, administrado pela Santa Casa de Araçatuba por meio de uma parceria adotado pelo governo do Estado chamada de OSS, Organização Social de Saúde.

Mas a direção do AME está na mira do Ministério Público Estadual. A promotoria do patrimônio público instaurou um inquérito civil para investigar denúncias de má administração das verbas repassadas para a Unidade.  O problema estaria nos contratos firmados com alguns profissionais de saúde que receberiam por consultas e atendimentos que não foram realizados.

De acordo com as suspeitas, no início de cada mês os médicos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos indicam quantos pacientes pretendem atender nos próximos 30 dias. No final do mês eles receberiam com base nessa previsão e não pelos pacientes que realmente passaram pelos consultórios, número que costuma ser menor.

Nossa produção teve acesso a cópias de alguns documentos referentes ao mês de janeiro, que também constam no inquérito. Para se ter uma ideia, a fisioterapeuta que presta serviço para o Ame ofereceu 3001 atendimentos, mas foram realizados 2.163. Isso significa que foram pagos R$ 7.542 mil  por procedimentos que não foram feitos, já que o fisioterapeuta recebe R$ 9 por cada atendimento.

Nas consultas com os cardiologistas também existe diferença entre o que é oferecido e o que é realmente feito. Em janeiro, os especialistas ofereceram 1222 consultas.  Porém, a planilha indica que foram realizados 1053 procedimentos. Os médicos receberam R$ 4.225 indevidamente, já que 169 atendimentos deixaram de ser feitos. Os cardiologistas recebem R$ 25 por consulta.

Ninguém da direção do AME quis falar sobre o assunto. Em nota, a assessoria de imprensa do ambulatório informou que os valores pagos a médicos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos são estabelecidos em contrato e que esse documento prevê o pagamento por atendimentos que não foram realizados por causa da ausência do paciente.

Já a Secretaria Estadual de Saúde informou que fiscaliza o trabalho do AME e que, se for confirmada alguma irregularidade, o grupo pode perder o contrato de parceria com o Estado.

A contabilidade do Ame de Araçatuba também chamou a atenção do Tribunal de Contas da União, que abriu um processo para verificar supostas irregularidades. Por enquanto, a investigação corre em sigilo.

 

Fonte: Tv Tem e G1

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