O sonho que todos sonham

Quer seja depois de soprar a vela do bolo de aniversário, após jogar uma moeda na fonte, depois de ver uma estrela cadente, ou esfregando a lâmpada mágica de Aladim, existe no imaginário humano o desejo de poder ser atendido em qualquer pedido que se faça. Por um momento, imagine Deus aparecendo em seu sonho para dizer: Pede o que desejares e Eu te darei (3.5). O que você pediria? Esse é um sonho que todos sonham ter um dia e que aconteceu literalmente com Salomão.

Salomão soube o que pedir: Dá, pois, ao teu servo um coração cheio de discernimento para governar o teu povo e capaz de distinguir entre o bem e o mal (3.9). Precisou de sabedoria para pedir sabedoria. Acertou na mosca. Seu coração estava preparado para esse momento, quer seja por estar em Gibeão para adorar ao Senhor (3.4), quer seja pela consciência de suas limitações e necessidades mais essenciais: eu não passo de um jovem, que não sabe liderar (3.7). E o pedido que Salomão fez agradou ao Senhor (3.10), pois era para o bem de todo o povo. De fato, esse tipo de pedido continua agradando até os dias de hoje: Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida (Tiago 1.5). E não é qualquer tipo de sabedoria, mas aquela que vem do alto e é, antes de tudo, pura, repleta de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sem hipocrisia (Tiago 3.17) e para o bem do outro.

Salomão soube o que não pedir: Já que você pediu isto e não uma vida longa, nem riqueza, nem pediu a morte dos seus inimigos, mas discernimento para ministrar a justiça, farei o que você pediu. Eu lhe darei um coração sábio e capaz de discernir, de modo que nunca houve nem haverá ninguém como você (1 Rs 3.11-12). Tão importante quanto saber o que pedir é compreender o que não pedir. O Salmo 72 de Salomão reflete como tinha seu foco no povo, especialmente no fraco, pobre e oprimido. Entendeu que todo poder deveria ser para melhor servir. Não desejou riquezas para si, nem poder para sua própria glória. Seu discernimento vem do fato que amava ao Senhor de palavras e com sua vida e também respeitava a memória do seu pai Davi (3.3). Certa vez, dois discípulos pediram para estarem à sua direita e à sua esquerda – posições de poder – a quem Jesus respondeu: Não sabeis o que pedis (Mateus 20.22). Nas palavras do escritor neotestamentário: quando pedis não recebeis, porquanto pedis com a motivação errada, simplesmente para esbanjardes em vossos prazeres (Tiago 4.3).

Salomão ganhou mais do que pediu: Também lhe darei o que você não pediu: riquezas e fama; de forma que não haverá rei igual a você durante toda a sua vida. E, se você andar nos meus caminhos e obedecer aos meus decretos e aos meus mandamentos, como o seu pai Davi, eu prolongarei a sua vida (3.13-14). Definitivamente o Senhor é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós (Ef 3.20). Salomão recebeu o que nem esperava receber. Não pediu o que deveria pedir ou deixou de pedir o que pareceria espiritualmente correto. Seu coração estava centrado. Assim também Deus quer nos dar mais, desde que nosso coração esteja liberado de desejar o que não é essencial. Não à toa Jesus disse: Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas (Mt 6.33). De fato, nosso Pai é generoso, mas não quer que a bênção nos afaste do abençoador, que qualquer presente nos afaste de sua presença, que seu favor nos desfavoreça.

Salomão sonhou o sonho que todos sonham um dia: poder pedir o que deseja. Mas seu desejo estava alinhado com o coração do Pai. Quando acordou, comemorou adorando o Senhor e dando uma festa para seus amigos e companheiros (3.15). Afinal, quem acorda do sonho com Deus só tem motivos para celebrar.

Fonte: Ipilon

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