Pregar para gente pequena: um desafio para gente grande!

Dicas na pregação para crianças – 1ª parte

Certa vez, um seminarista da Faculdade Teológica Batista de São Paulo contou-me que o seu professor de Homilética, o Pr. Werner Kaschel, dizia o seguinte aos alunos:

— Quando vocês forem pregar, coloquem as crianças nos primeiros bancos e preguem para que elas possam entender. Se elas entenderem a mensagem, toda a igreja também entenderá.

É verdade que só a unção, a orientação e o poder do Espírito Santo produzirão os frutos, mas este conselho simples precisa ser assimilado pelos pregadores: faça a sua mensagem ser compreendida por gente pequena.

Eis aí um imenso desafio para a gente grande: O que e como pregar para gente pequena? Resposta: conte histórias.

Uma dica que deve ser levada muito a sério: aprenda a arte de contar histórias. E deixe que eu acrescente o seguinte: não é só criança que gosta muito de histórias; gente grande também gosta.

Muitas vezes ouvimos preciosas mensagens que com o passar do tempo ficam no esquecimento; porém, se uma mensagem foi ilustrada por uma boa história, esta mensagem jamais cai no esquecimento. A história fixa-se em nossas emoções e em nossa mente de maneira muito forte. É urgente que os pregadores sejam transformados em contadores de histórias. As crianças (e os adultos) amarão estes pregadores.

A história tem um poder incrível de lançar luz sobre as verdades eternas.

Um missionário transcultural, vivendo e trabalhando no meio de um povo cujo idioma ainda não existe de forma escrita, onde tudo é transmitido através da fala, precisa ser um contador de histórias, ou pouquíssimo resultado vai obter em seu trabalho. Ele precisa ter um ouvido bem aberto para ouvir e se deleitar com as histórias que o povo com o qual trabalha vai lhe contar. Ah! Ele vai aprender muito com essas histórias, que lhe darão subsídios preciosos para a apresentação a mensagem do evangelho de Cristo. E ele vai ensinar-lhes a Palavra de Deus contando histórias.

Vamos relembrar, por exemplo, a maravilhosa história do pai que tinha dois filhos, um dos quais pediu ao pai que lhe desse a sua parte na herança, saindo depois da casa de seu pai e viajando para uma terra distante a fim de “aproveitar a vida”.

Que história magnífica, contada pelo maior contador de histórias que este mundo já viu – Jesus Cristo!

Cada lance desta história é precioso e o seu final é simplesmente espetacular, apesar da nota triste em relação à atitude do irmão que ficara na casa do pai e que não se mostra tão solícito e alegre com o retorno do irmão, pelo contrário.

Agora, pense bem, como é que poderíamos entender algo sobre o incompreensível e grandioso amor de Deus pelo pecador rebelde se Jesus não tivesse contado esta história?

Outra peculiaridade em relação a uma história é que ela, além de instruir a mente e inspirar o coração, também impulsiona a vontade, levando o ouvinte a desejar imitar o “herói” da história.

Muitas vezes queremos ensinar conceitos e princípios às nossas crianças e isto não produz mudança nenhuma. São aquelas palavras que “entram por um ouvido e saem pelo outro”. Não ficam retidas.

Entretanto, apresente uma série de mensagens aos pequenos, baseada nas histórias do livro de Daniel, por exemplo. Quantas riquezas encontram-se ali! Logo no capítulo primeiro, quando os jovens israelitas decidem firmemente não se contaminar com as iguarias da Babilônia, é impressionante o poder desta história para despertar em nossas crianças o desejo de imitá-los, fazendo o que é correto diante das inúmeras tentações que o mundo hoje apresenta.

Outra sugestão que eu daria aos pregadores: reserve alguns domingos durante o ano para trazer uma mensagem totalmente voltada para as crianças, tendo as crianças e os adultos presentes no culto. Que tal realizar este tipo de culto no último domingo do mês, nos meses em que há cinco domingos. Neste caso, a igreja toda está presente, mas o pastor vai pregar (contar a história) para as crianças. Com todas elas sentadas nos primeiros bancos e com os adultos atrás, ele tem a oportunidade de colocar na prática o que ensinou o Pr. Werner Kaschel em sua matéria sobre Homilética.

Se fizer a experiência, sabe o que vai acontecer? A igreja vai amar, vai aprender e vai crescer. E pode ficar preparado para ouvir mais ou menos isto de alguns adultos: “Que bênção, pastor! Hoje eu entendi bem a mensagem!”

Outra dica de grande importância: ao contar uma história da Bíblia, não conte apenas a história. Transforme a história numa lição de vida para os seus ouvintes.

O que pretendo dizer com isso é o seguinte: ao final do culto ou da reunião, quando alguém perguntar à criança o que ela aprendeu, a resposta da criança não deveria ser, por exemplo: “Hoje eu aprendi a história de Davi e Golias”, mas, sim, algo como: “Hoje eu aprendi como posso confiar em Deus para vencer os gigantes na minha vida”.

Este é o grande segredo na arte de contar histórias: saber escolher um ensino que esteja sendo ilustrado pela história e usar a história como meio para transmitir este ensino. Não adianta a criança conhecer apenas quem foram José, Moisés, Josué, Débora, Elias, Daniel, Pedro, Paulo e todos os heróis da fé.  Ela precisa conhecer o Deus Triúno, o Deus destes homens e mulheres, e aprender como eles a andar com Deus.

Fonte: APEC

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