Princípios para uma boa administração financeira

“Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda e se encherão fartamente os teus celeiros e transbordarão de vinho os teus lagares” (Prov. 3: 9-10).

 De acordo com os dados da última Pesquisa de Orçamentos Familiares realizada pelo IBGE, mais de 75% das famílias brasileiras possuem dificuldades para pagar todas as despesas no final de cada mês. Isso se deve, pelo menos, a dois fatores:

  • A ânsia pelo consumo;

  • A falta de um orçamento familiar com prioridades bem definidas.

 No que se refere a essa “ânsia pelo consumo”, é preciso dizer que o consumismo é uma marca da sociedade capitalista pós-moderna, na qual estamos inseridos. E de alguma forma, somos assediados, e até mesmo influenciados por essa cultura do consumo. Quando gastamos mais do que ganhamos, é lógico que irá faltar salário para pagar as contas. Como diz certo ditado popular: “Sobra mês no fim do salário”.

 A falta de um orçamento familiar com prioridades bem definidas também se constitui num problema. Quando não se sabe aonde quer chegar, qualquer lugar serve. Desta maneira, os objetivos da família jamais serão alcançados. Sabe por quê? Porque não existe um planejamento para atingi-los!  A prosperidade da família fica por conta do acaso.

E o que é pior: muitas famílias vivem angustiadas e infelizes; sendo que algumas delas já foram até mesmo dissolvidas por causa de problemas financeiros. Casais em que o marido e a esposa juraram amor eterno um ao outro na cerimônia de casamento não resistiram às dificuldades financeiras!

Para que isso não aconteça, é fundamental uma boa administração financeira familiar. Permitam-me compartilhar com vocês alguns princípios básicos que nos ajudarão nesta missão.

 1 – Para que tenhamos uma boa administração financeira familiar, precisamos ter um orçamento com prioridades bem definidas. 

 Todos os moradores da casa devem saber exatamente quais são as prioridades da família, para que não haja divergência de propósitos e gastos pessoais que impeçam ou dificultem a família de alcançar suas prioridades.

 Para isso, é indispensável um orçamento familiar compreensível a todos os membros do lar. Um orçamento que contenha a renda familiar líquida (todo o dinheiro arrecadado por todos os membros da família); as despesas fixas (aluguel, energia, água) e as despesas menos visíveis (presentes, lazer).

O orçamento deve ser elaborado ressaltando as prioridades (aquilo que é mais relevante). É importante reforçar que tais prioridades devem ser baseadas nos princípios ensinados nas Escrituras. Podemos notar que no texto bíblico está registrado assim: “Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda e se encherão fartamente os teus celeiros e transbordarão de vinho os teus lagares” (Prov. 3: 9-10). Neste momento, vamos observar atentamente alguns detalhes do texto:

A palavra hebraica traduzida por “bens” é a palavra hown, e faz referência às posses, às riquezas, aos recursos materiais. Ou seja, devemos honrar ao nosso Deus com os nossos recursos e bens, com aquilo que adquirimos ao longo do tempo, segundo a sua graça para conosco.

Outro ponto importante: o texto diz que devemos honrar ao nosso Deus com as “primícias” de toda a nossa renda. Não é com o “que sobrar da nossa renda”, mas, com as “primícias” dela. Ao receber a nossa renda, devemos sempre nos lembrar da obra de Deus, das causas do Reino de Deus e das necessidades existenciais da Igreja de Deus.

Ainda de acordo com o texto, se honrarmos ao nosso Deus com os nossos bens e com as primícias de toda a nossa renda teremos as nossas necessidades existenciais supridas pelo Senhor. Certamente teremos em abundância, pois não nos faltará coisa alguma! Este é o significado da frase: “se encherão fartamente os teus celeiros e transbordarão de vinho os teus lagares”. Aquele que prioriza o Reino de Deus, que reparte as suas riquezas com a obra de Deus não perde nada; muito pelo contrário, prospera na presença do Senhor.

Portanto, ao fazer o seu orçamento familiar, coloque como prioridade dizimar e ofertar para a igreja de Deus. Ao receber o seu salário, lembre-se de separar o seu dízimo e a sua oferta de gratidão ao Senhor.

2 – Para que tenhamos uma boa administração financeira, precisamos aprender a viver de acordo com a nossa realidade.

É muito comum encontrarmos famílias tentando manter hábitos que não condizem com a sua realidade financeira. Há famílias de baixa renda que só compram roupas e acessórios em boutiques; que pagam caro por um corte de cabelo; que comem apenas em restaurantes de luxo; que fazem questão de morar em lugares nobres e caros! Conta-se que certa feita, um membro da igreja procurou o departamento social da igreja para pedir uma cesta básica, e quando foram lhe entregar a mesma, descobriram que o membro “necessitado” morava em um condomínio de alto padrão.

Existe um princípio fundamental para aqueles que desejam ter uma boa administração financeira em seus lares: cada família deve viver de acordo com a sua realidade socioeconômica. Quem gasta mais do que ganha, consequentemente ficará endividado. Não dá para sustentar um “padrão” de vida sem ter condições de pagar por ele.

Relacionado ao que estamos refletindo, o apóstolo Paulo ensina-nos muito por meio de seu testemunho pessoal. Meditemos no que ele escreveu aos filipenses: “aprendi a estar satisfeito com o que tenho. Sei o que é estar necessitado e sei também o que é ter mais do que é preciso. Aprendi o segredo de me sentir contente em todo lugar e em qualquer situação, quer esteja alimentado ou com fome, quer tenha muito ou tenha pouco. Com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer situação.” (Fp. 4: 11-13). Esse texto ensina-nos dois princípios bíblicos muito importantes.

A nossa realidade socioeconômica está sujeita a variações. Há momentos de fartura e momentos de escassez. Quem tem muito hoje, não deve pensar que terá muito sempre. Sendo assim, não podemos definir um “padrão” de vida fixo, permanente, inflexível. Lembremo-nos sempre de que o mesmo depende das circunstâncias.

Precisamos aprender a vivermos contentes, satisfeitos, em toda e qualquer circunstância, assim como Paulo. É fundamental que nos adaptemos a nossa real situação. Não podemos estabelecer um estilo de vida segundo os nossos ideais, mas devemos estabelecê-lo segundo a nossa realidade.

Jesus ensinou sobre o princípio da racionalidade e do planejamento, quando citou o exemplo de alguém que antes de construir uma torre, assentou-se para calcular o preço, para ver se tinha dinheiro suficiente para concluí-la (Lc. 14: 28-29). Portanto, devemos nos assentar para calcularmos o nosso “padrão” de vida, para observarmos se possuímos dinheiro suficiente para mantê-lo.

3 – Para que tenhamos uma boa administração financeira, precisamos da colaboração de todos.

Certa vez Jesus disse: Se uma casa estiver dividida contra si mesma, também não poderá subsistir. (Mc. 3: 25). Quando alguns membros da família comprometem-se e outros não, a casa fica dividida. E uma casa dividida não poderá subsistir, e muito menos prosperar. Por isso é fundamental a colaboração de todos os que moram na casa, os que têm alguma renda e os que não a têm. Os que a possuem, devem contribuir financeiramente; já os que não possuem renda, devem, pelo menos, cooperar não desperdiçando, para não ser um “peso” à família.

Para que a família não tenha problemas financeiros, todos os seus membros precisam conhecer o orçamento familiar e estarem engajados em cumprir com o mesmo.  Para isso, talvez seja necessário:

Considerar algumas mudanças no estilo de vida de sua família. Por exemplo: que tal deixar de comer fora todos os finais de semana? Que tal deixar de comprar roupas e acessórios todos os meses? Que tal morar numa casa mais simples e pagar menos no valor do aluguel? Que tal comprar um carro mais barato e pagar parcelas mais baixas?

Talvez seja necessário que todos se comprometam em evitar o desperdício de alimentos, de água, de energia elétrica, de telefone, de combustível, somente para citar alguns exemplos. Afinal de contas, nós pagamos por aquilo que consumimos. Os banhos podem ser mais rápidos. Quem sabe as roupas possam ser acumuladas para serem lavadas e passadas menos vezes na semana. De repente, dá para ir ao trabalho caminhando ou de bicicleta. Ou seja, algumas medidas podem ser pensadas e praticadas para evitar mais gastos e desperdícios.

No livro de Neemias encontramos um exemplo positivo que nos ensina muito. Neemias reuniu os líderes da cidade de Jerusalém e falou a eles sobre a necessidade de reconstruírem as muralhas da cidade e o quanto isso seria benéfico a eles. Depois disso, as famílias decidiram construir cada uma, pelo menos, uma parte da muralha e suas portas. Com essa atitude, dentro de pouco tempo toda a muralha ficou pronta (Ne 3).

Assim como Neemias, podemos reunir nossa família, conversar sobre as nossas necessidades e propor, de uma maneira justa, a contribuição de todos no cumprimento do orçamento familiar para o bem de todo o lar.

Uma reportagem há algum tempo atrás mostrou que a maioria dos brasileiros sabe da importância de se fazer um orçamento familiar, e que muitos até o fazem. No entanto, a grande parte não consegue praticar o seu conhecimento. O problema é que quem não consegue colocar em prática o orçamento familiar, normalmente se expõe aos muitos problemas que isso pode acarretar em sua vida e no seu lar.

Como cristãos, devemos contribuir financeiramente com a obra de Deus. Além disso, devemos zelar pelo nosso bom nome e pelo nosso bom testemunho na sociedade. Finalmente, devemos cultivar uma vida equilibrada, sensata e justa.

E, para concluir, lembre-se: o êxito de uma boa administração financeira está diretamente relacionado à aplicação destes três princípios que aqui foram apresentados:

  • Ter um orçamento com prioridades bem definidas;

  • Ter a colaboração de todos, direta ou indiretamente;

  • Viver de acordo com a sua realidade.

Que o Senhor nos auxilie a colocar em prática todos estes princípios, para o Seu louvor e para a Sua glória!

Por: Diretoria Regional Noroeste Paulista

Fonte: Sou da Promessa

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