Que o sonho olímpico não se transforme num pesadelo.

A Globo até que tentou, mas não emplacou. O slogan da sua transmissão tenta envolver o país num positivismo que não cola, “somos todos olímpicos”, definitivamente, não somos todos. Alguns sim, outros tantos, não.

Em meio a tragédias, terrorismos, desempregos, impostos, guerras políticas, fracassos econômicos, inflação e enorme crise, a grande mídia tenta empolgar a nação com uma tocha de mão em mão, com histórias dramáticas de alguns atletas, com estrelas do esporte e abertura cinematográfica. Mas não funciona, no fim os dramas reais gritam mais alto.

O que se viu e se comentou foram os tombos de famosos e anônimos pagando mico com a tocha, as obras inacabadas e cheias de falhas nos aparelhos olímpicos, a saia justa com várias delegações protestando, a ciclovia que não resistiu uma onda e matou gente, a sujeira nas águas, a violência urbana crescendo e, junto, crescendo o medo de ataques terroristas durante o evento.

Por outro lado os escândalos com a grana minha, sua, nossa. Milhões e milhões sendo torrados desde os primeiros quilômetros correndo com a chama olímpica, com as obras, com segurança, enfim, um dinheiro que faz falta demais em outros setores.

Esta festa mundial não deveria ser aqui. Pelo menos não na conjuntura que só piora nos últimos anos. Temos demandas muito mais urgentes e fundamentais. Num país tão bandidamente explorado e com sangrias que não cessam como é o caso do nosso, trazer uma Copa do Mundo e agora uma Olimpíada é, pra dizer o mínimo, irresponsável.

Quem ganha? Bem poucos. Quem perde? Milhares.

E agora? Bem, a festa taí. Devemos orar para que tudo vá bem. O tão falado sonho olímpico custa muito caro. Pelo preço que exige é um sonho que se contradiz, pois para garantir sua realização é preciso mobilizar polícia, aparatos militares gigantescos, exército, o que confunde o sonho com a realidade dos riscos que podem trazer pesadelos impensáveis.

O sonho olímpico, na sua pregação e ideal, é lindo. Quem não quer povos irmanados, juntos e respeitando suas diferenças? Quem não quer ver e viver a paz entre povos e culturas diferentes? Senão todos, a maioria sonha com ideais como os pregados nestes eventos. A cada quatro anos, no entanto, estes ideais têm sido cada vez mais apenas sonhos, pois pesadelos seguidos de pesadelos é o que a raça humana tem vivido.

Não basta controlar a chama olímpica para se realizar o sonho. Todos os elementos precisam de controle e harmonia, o fogo, o ar, a água, a terra. Mas não apenas estes quatro da natureza. O elemento humano precisa de harmonia desesperadamente. Me desculpem os que acreditam, Zeus não dará jeito, apenas Deus restabelecerá a ordem e a paz nos elementos que Ele mesmo criou.

E então, sonho ou pesadelo? Medalha ou coroa? Glória que se evapora ou glória que se eterniza? Deus ou deuses? Já fiz minhas escolhas. No mais vou torcer como torço pelo esporte e suas emoções inerentes. E só. O lado místico que se tenta vender não me empolga e nem me interessa. Desejo conquistas e vitórias aos melhores e merecedores. Desejo que tudo aconteça na mais perfeita ordem. Desejo que todos sonhem sonhos que transformem realidades sofridas, que conquistem vitórias em todas as competições que a vida impõe.

Paz!

Por: Pr. Edmilson Mendes

Fonte: Sou da Promessa

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