Quem ama o Criador cuida da criação

Em Cristo os seres humanos tornam-se aptos não só a cultivar a comunhão com o Criador, mas também com os seus semelhantes e com a criação da qual fazem parte e que, ainda que venha sendo atingida pelo nosso “domínio destrutivo”, continua sendo boa e bela e um dia será plenamente restaurada.

A nossa teoria sobre “mordomia ambiental” anda muito descolada da prática. O nível de engajamento de cristãos e igrejas em causas relacionadas ao cuidado com a criação ainda é muito baixo. Se a missão da Igreja deriva da missão de Deus, ela deveria incluir a criação toda.

Que tal, na próxima vez em que você se sentar à mesa, diante de alimentos frescos e saudáveis, falar para Deus — à luz do Salmo 116.12: “Senhor, obrigado pelo fruto da terra que chega à nossa mesa. O que podemos fazer para tê-los sempre em nossa casa e para que possamos também partilhar com outros?”. Quanto mais gratos, mas livres estaremos para o serviço e para a missão.

Um erro muito comum é deixarmos de fazer algo de bom para as pessoas e para o meio ambiente, por acharmos que aquilo é pouco ou pequeno diante de uma problemática mais complexa. Parece até que nos esquecemos do que Tiago diz em sua carta: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado” (4.17). Pois bem, acreditando que por meio de atitudes simples podemos contribuir com o cuidado da criação e que educação se faz com ação e não apenas com “falação”, um grupo de cristãos, membros de igrejas locais em Curitiba e região, ligados à Rede Evangélica Paranaense de Ação Social, resolveu agir!

Considerando que todos os dias cerca de 200 mil toneladas de lixo são coletadas nas casas dos brasileiros — mais da metade é resíduo orgânico que segue para os aterros sanitários ou se espalha pelos lixões ainda existentes no país –, este pequeno grupo de cristãos pensou que igrejas poderiam ser agentes replicadores de boas práticas nas áreas de compostagem e cultivo de hortaliças sem agrotóxicos em pequenos espaços. A ação consiste em transformar resíduos como cascas, talos, folhas, restos de frutas e verduras descartados de nossas casas e igrejas em adubo que servirá como base para o cultivo de verduras, hortaliças e chás para o consumo familiar e comunitário.

Nasceu assim o projeto Semeando em Terra Boa, uma ação simples, que pode transformar “cantinhos ociosos” nas igrejas em jardins de alimentos. A produção pode ser partilhada com membros e vizinhos, servindo de inspiração para a comunidade. Um dia, quem sabe, brota uma rede de igrejas que tem o que “falar” e o que “mostrar” em matéria de gestão responsável de resíduos orgânicos e agricultura urbana.

A iniciativa está na fase de projeto piloto em duas igrejas, uma em Curitiba e outra em Colombo. Novas conexões já estão acontecendo com vizinhos — gente que nunca se aproximou do “templo” se aproximou do “quintal” para saber “que história é essa de igreja transformar lixo em adubo para fazer horta…”.

A terra é boa e a semente está plantada! Como “realistas esperançosos” queremos ver cada vez mais comunidades de fé neste país desenvolvendo ações práticas de cuidado com as pessoas e com o meio ambiente — isso dará coerência ao nosso discurso de que a terra e os que nela habitam pertencem ao Senhor e são alvos do seu amor e da sua redenção.

Procure maneiras de ser um melhor mordomo ambiental, separando os tipos de lixos, não jogando lixo na estrada e nem em locais onde não há coleta, reciclando, plantando e cuidado do meio ambiente.

Fonte: Ultimato

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