Somente a fé: “Sola fide”

No dia 31 de Outubro de 1517, Martinho Lutero pregou um texto que ficou conhecido como as 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Essas teses tinham uma grande ênfase doutrinária e foram muito utilizadas pelo movimento que estava nascendo: a Reforma Protestante. O Protestantismo surgiu com a premissa de basear suas ideias e doutrinas somente nas Escrituras Sagradas e isso originou o que chamamos de “Cinco Solas”. Esses “Cinco Solas” são cinco princípios que foram considerados, pelos reformadores, como fundamentais para a vida e prática cristã.

Os “cinco solas” são: “Sola Fide” (Somente a fé); Sola Gratia (Somente a graça); Solus Christus (Somente Cristo); Sola Scriptura (Somente a Escritura); e, Soli Deo Gloria (Somente a Deus, a glória). Como neste mês de Outubro a Reforma Protestante comemorará 498 anos, acredito ser importante refletirmos sobre cada um dos seus princípios bíblicos e de que maneira temos vivido a nossa vida e prática cristã num mundo tão corrompido e distante de Deus. Vivemos numa sociedade que precisa desesperadamente ser alcançada pelo evangelho de Cristo Jesus. Como igreja de Cristo, necessitamos ser constantemente reformados pela palavra poderosa de Deus. Sendo assim, os princípios destacados por Lutero são tão atuais como nos dias em que foram enfatizados com a Reforma. Por isso, a cada semana deste mês refletiremos sobre um dos “cinco solas” ressaltados pelo Protestantismo.

O primeiro “Sola” em que refletiremos é “Sola Fide”: isto é, Somente a fé. A Bíblia enfatiza que somente por meio da fé em Deus e no sacrifício de Cristo no Calvário é que podemos ser salvos, e alcançarmos a vida eterna (Jo 3: 16). Ela é fundamental para a nossa vida, pois “Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam” (Hebreus 11:6). Através da fé nos tornamos filhos de Deus (Jo 1: 12) e é ela quem nos faz admitir que não temos qualquer condição de libertar-nos sozinhos dos nossos próprios pecados, das nossas culpas e dos nossos erros. Pela fé podemos entender que nossas atitudes e nossos méritos não são capazes de nos dar salvação (Rm 3: 10). É justamente por isso que necessitamos só e totalmente da pessoa e da obra do Cordeiro de Deus que veio tirar o pecado do mundo para nos livrar das terríveis consequências do pecado.

É interessante mencionar que o versículo bíblico que chamou a atenção de Lutero no que se referia à importância da salvação pela fé é Rm 1: 17 – “O justo viverá pela fé”. A fé em Cristo não é um mero exercício intelectual, nem é um “pensamento positivo” e nem é “cega”. Pelo contrário, tal fé está profundamente relacionada à confiança no Senhor e em sua Palavra; é por intermédio dela que entregamos nossas vidas ao senhorio de Jesus,  abandonamos o pecado e renunciamos a tudo o que pode nos afastar do nosso Senhor e Salvador.

Para todo aquele que se entregou a Jesus, ter fé significa necessariamente que desejamos aprofundar o nosso relacionamento com ele. É ela que nos move a caminhar em direção ao nosso alvo maior, que é o próprio Jesus, o Autor e Consumador da fé (Hb 12: 2). É somente pela fé em Cristo que podemos ser reconciliados com Deus e sermos considerados justos perante os olhos do Senhor. Não importa o que éramos ou o que fazíamos, a partir do momento em que colocamos nossa fé em Cristo, temos os nossos pecados perdoados, seja eles quais forem. Através da fé, somos alcançados pela maravilhosa graça de Deus. Mas isso, já é o assunto para a nossa próxima reflexão…

Por: Dsa. Claúdia Duarte

Fonte: Sou da Promessa

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