Vamos pra balada, irmão?

Que mania é esta de experimentar tudo e todos? De onde surgiu isto? Ando achando esquisitérrimo este negócio de uns e outros acharem que pra “curtir a vida” é preciso abrir mão de princípios um pouquinho e experimentar as coisas mais inimagináveis em busca de uma tal sensação que parece mesmo nunca chegar. Claro que os de mais idade também são acometidos desta febre, mas tenho visto com mais frequência na classe dos chamados jovens.

Converso com eles, ouço, leio suas mensagens e é sempre a mesma coisa: jogam a fé de lado por uns tempos, para saber como é beber, transar com todos – de todos os jeitos – ou experimentar drogas. Aliás, é engraçado como dão nome bobinho para camuflar o que realmente são. Tipo: LSD vira doce, êxtase é bala e por aí vai. Jovens “de família”, outrora membros de igrejas, curtindo baladas eletrônicas e alternativas movidos por substâncias tóxicas que não tem outro nome – na sociedade e nas rodas policiais – que droga. Simples, assim.

É ingênuo e até idiota pensar que podem apenas experimentar e que se pode guardar a fé e os princípios por um tempinho, como se guarda uma joia de família numa caixinha no canto. Aquela coisa de saber que é precioso e uma horaserá importante, mas que não se quer usar agora, sabe? Pois não é assim. Os pais? Ah, os pais… são sempre os últimos. Foram na minha adolescência e continuam sendo agora. Outro dia um amigo, filho de pastor, me confidenciou que ia para a balada onde experimentava “doces ou balas”, bebia e cheirava, mas tomava o cuidado de chegar em casa antes das 6h, para tomar banho, algo que disfarçasse o hálito e desse tempo de ir para a igreja com o pai. Os olhos vermelhos? “sono, pai”.

Uma garota me escreveu no face, onde se sentia meio anônima, para dizer que queria voltar para o que considerava o caminho certo, mas não tinha mais força, nem ânimo e sentia uma culpa horrível que a corroía. Falei para voltar mesmo assim, mesmo com esta bagagem que quer te parar no caminho, puxar para baixo, mas que tinha que ir. Até que lá pelas tantas me bateu a curiosidade. “Voltar por que, se é tão animado neste mundo aí?”

–       porque não achei o que vim buscar.

–       E o que era?

–       Felicidade.

É, não vejo mesmo como achar isto no meio de luzes estroboscópicas, alucinações químicas, excitação sexual sem compromisso e negando o básico: felicidade está perto, e é preciso se calar para escutá-la. Neste mundo das sensações, falta o básico: pensar, refletir, ponderar. Isto dá mais trabalho, é verdade, mas só em curto prazo, pois livrará de muitos problemas macabros pra resolver lá na frente. Lembra da fé/joia guardada? Cuidado, pode se esquecer de como encontrar quando mais precisar.

Fonte: Blog Fabiana Bertotti – http://fabianabertotti.com/

Sem comentários