“Outubros da Vida”

Toda pessoa provavelmente passou por aquela desagradável experiência com sacolas de supermercado: você põe muitos itens na sacola e, no meio do caminho, ela rasga. Ovos, farinha, leite, tudo ao chão. Você pega tudo na mão, volta e agora separa os itens, quer dizer, ao menos os que sobraram. Para garantir, ainda utiliza duas sacolas bem reforçadas. O mês de outubro, por vezes, parece uma sacola se rasgando. Sente-se um peso excessivo no trabalho, no colégio, na vida espiritual, na igreja. Conforme o tempo passa, constatamos que estávamos carregando mais do que devíamos. Havia muita motivação antes, mas algumas surpresas pelo caminho tornaram a jornada causticante.

Os “outubros” da vida acontecem em qualquer data, porém, não nos assustemos. Sendo a princípio algo muito ruim, na verdade, isso pode se tornar uma coisa boa. Aprendi que o rompimento de nossas forças pode significar um retorno a Deus. Assim como acontece com a sacola que rasga, é nos momentos pesados da vida que nos lembramos de que podemos voltar a Cristo, que podemos nos reforçar e levar com maior facilidade nossas cargas. Depois de esperar tanto um sonho e vê-lo se frustrar, que outra coisa faríamos, senão voltar a Deus? Depois de assistir ao desabamento do edifício da vida, como não se refugiar nas mansões celestiais? Como disse o pregador Paul Washer (e acredito ser um princípio não pouco abrangente): “sua fraqueza te leva a Deus”.

Quando penso em versículos como “porque, quando estou fraco, então, sou forte” (2 Co 12:10) ou “diga o fraco: eu sou forte” (Jl 3:10b), lembro-me de que o espaço vazio onde se encontravam minhas reduzidas forças tornam-se um recipiente grandioso para o poder de Deus. A propósito, suponho que tenha sido essa a obra da cruz: um despojar de nossas forças em prol da intervenção exclusivamente divina. Portanto, nada de parar. O segredo é buscar regresso, fortalecer-se em Cristo e prosseguir. Como diz a canção “Blessings” de Laura Story¹:

Oramos por bênçãos

Oramos por paz

Conforto para a família, proteção enquanto dormimos

Nós oramos por cura, por prosperidade

Oramos por sua mão poderosa para amenizar o nosso sofrimento

Todo o tempo, você ouve cada necessidade dita

Mas o amor é demais para nos dar coisas menores

 

Porque e se suas bênçãos vierem através pingos de chuva?

E se a sua cura vier através de lágrimas?

E se milhares de noites sem dormir forem o que é preciso para saber que você está perto?

E se as provações desta vida forem as suas misericórdias disfarçadas?

 

Nós oramos por sabedoria,

Por ouvir sua voz

Choramos de raiva quando não podemos sentir você perto

Nós duvidamos de sua bondade, duvidamos do seu amor

Como se todas as promessas da sua palavra não fossem suficientes

Todo o tempo, você ouve cada apelo desesperado

E espera que nós tenhamos fé para acreditar

 

Quando os amigos nos traem

Quando a escuridão parece vencer

Sabemos que a dor faz lembrar este coração

De que esta não é a nossa casa

 

E se minhas maiores decepções

Ou a dor da vida

Forem a revelação de uma sede ainda maior que este mundo não pode satisfazer?

E se as provações desta vida,

A chuva, as tempestades, as noites mais difíceis

Forem suas misericórdias disfarçadas?

 

“Senhor, ensina-me a lidar com as dores da vida e a enxergar tua bondade além dos meus mais legítimos sonhos. Que quando me vir de tudo deste mundo vazio, veja-me em regresso a Ti e meu coração esteja cheio de Jesus. Amém”.

Fonte: Além Blog

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