Praça versus Quarto

Observe a troca sugerida por Jesus neste texto: “E, quando orares, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens (…). Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará (Mt 6.5-6).

“Parabéns pela sua oração!”, era uma das frases prediletas de um fariseu. Essas palavras tinham sabor de vitória para eles.

Eles oravam não com o objetivo sincero de se aproximarem de Deus, mas para serem parabenizados pelos homens, ovacionados, admirados pela sua oratória, imposição de voz, pelas palavras bonitas. Suas orações eram meros discursos vazios, milimetricamente decorados. O que contava era a exterioridade falsificada para receber louvor dos homens.

Segundo as leis herdadas dos seus antepassados, oravam 18 vezes por dia, com horários programados que deveriam ser cumpridos a risca, onde estivessem. E é lógico, “coincidentemente”, sempre estavam nos lugares com o maior número de pessoas possíveis! Por que será?

Jesus os chama de hipócritas! Essa palavra, no original, esta relacionada com teatro. Os fariseus eram atores! E se tem uma coisa que ator gosta é de plateia. Por isso gostavam de orar em pé, nos cantos das praças. Praça é lugar de plateia. Praça é lugar de popularidade. Praça é lugar de notoriedade. Para os seus discípulos, Jesus sugere uma troca: “Tú, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta…”.

No quarto em secreto, não existe plateia, não existem pessoas para aplaudir e parabenizar. Que ator gosta de atuar no quarto em secreto? Atores não gostam do quarto, mas é ali que o discípulo de Cristo deve buscá-lo, longe da plateias, longe das multidões. Com essa troca “da praça para o quarto”, Jesus não está ensinando que não se pode fazer orações em público. Ele está, sim, combatendo o exibicionismo, o fingimento, a religiosidade aparente.

O discípulo de Cristo tem que desejar muito mais o quarto do que a praça! O verdadeiro discípulo de Cristo não fica tocando trombeta sobre sua vida espiritual. Ele não vive correndo atrás de holofotes! Cuidado com quem gosta de contar vantagem sobre sua vida espiritual para se autopromover! Cuidado com quem “imposta a voz” para falar sobre suas várias horas de oração diária, seus vários jejuns, suas varias “experiências sobrenaturais”.

Desenvolva o hábito da oração secreta. A oração comunitária tem sua importância, mas não se esqueça da particular. Não tenha medo de passar momentos de proximidade com o Senhor. Sozinho. Você e ele. Deseje muito mais o  “quarto” ao invés da praça, abra seu coração, conte a Deus seus anseios, adore-o, confesse pecados, interceda! No quarto em secreto, longe dos olhares humanos, Deus o Pai, nos vê, ali não há admiração humana, todavia a recompensa divina!

Fonte:Bíblia Sagrada – edição Metanoia – FUMAP – pág. 49 

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